domingo, 2 de fevereiro de 2014

Poderá o Brasil amanhã ser a Argentina hoje?

A economia brasileira está em frangalhos, isto ninguém mais duvida.  Déficit fiscal crescente, cerca de R$ 150 bilhões, após pagamento de parte dos juros da dívida interna, com geração de superávit primário de R$ 75 bilhões.  Não há equilíbrio no Orçamento fiscal. O Brasil não consegue nem sequer pagar os juros da dívida na sua integralidade.  

Apesar de dívida interna líquida ser de R$ 2,12 trilhões em dezembro de 2013, segundo o governo, a dívida pública bruta do governo federal estava em R$ 3,42 trilhões.  O número é impressionante!  

A diferença da dívida líquida e da dívida bruta vem do conceito do Banco Central de que a reserva cambial de US$ 375 bilhões é deduzido da dívida bruta.  Assim como, é deduzido o empréstimo feito no programa PIS, no montante de R$ 430 bilhões. Lembrando que a reserva cambial é aplicada em títulos do governo americano à taxa de 0,25% ao ano, enquanto que BNDES empresta o dinheiro do PIS a 3,5% ao ano.  A diferença de juros, que não está contabilizado como despesa do governo, vai direto para rolagem da dívida interna bruta.  

A vulnerabilidade da economia brasileira está na balança de pagamentos, que só é zerado com entrada de recursos via investimento estrangeiro direto (IED) e capital estrangeiro especulativo.  Além, claro, de empréstimos externos do setor público e privado.  Este último vem acentuando neste início do ano. 

Com a retomada de crescimento dos EEUU e retirada pelo FED do estímulo à economia, o dólar está apreciando ou valorizando perante outras moedas.  Em termo de moeda, o que é bom para os EEUU é ruim para outros.  Os países que mais sofrem são os países emergentes, que dependem muito do dólar para financiar o crescimento.  É o caso do Brasil.

Diante da conjuntura econômica mundial, o Brasil está a caminhar em cima do fio da navalha.  Isto já foi alertado por este blog há 2 anos.  O governo Dilma não preparou o País para enfrentar esta situação, confiou no mercado interno.  Dilma e equipe, consideraram que o Brasil iria viver, isolado do mundo.  Dilma, não tem visão do mercado financeiro internacional.  Dilma imagina que tocar o Brasil é como administrar uma lojinha de fundo de quintal.  Não, não é.  Administrar o País é muito complexo.  

O mercado financeiro global é complexo e tem sua dinâmica própria.  Poucos entendem sobre o mercado financeiro global.  Os que não entendem culpam a realidade, usam o termo "mercado" como termo pejorativo. Culpam tudo ao mercado.  Até mesmo os mais preparados, teoricamente, levaram tombos na crise financeira global de 2008.  Vide Lehman Brothers, nos EEUU e grandes conglomerados financeiros europeus que foram absorvidos pelos Estados.  O mundo vive dentro da bolha financeira! Isto os governantes mais avisados sabem e sabem muito bem.  Os menos avisados como a Dilma, nem sabe sabe o que é mercado financeiro global. 

Diante da fragilidade nos fundamentos da política econômica (sic) da Dilma, há uma possibilidade real de ter a revoada de capitais estrangeiros especulativos e certo arrefecimento nos investimentos estrangeiros diretos em 2014.  Além de tudo, sabem os atores do mercado financeiro global de que no Brasil, em ano de eleições, não tomam nenhuma decisão importante.   Vide vários exemplos, como o último ano do governo Sarney, o último ano do primeiro período do FHC, o último ano do segundo período do FHC, o último ano do Lula para eleger a Dilma.  Tudo isto é passado conhecido pelo mercado.  

Havendo fuga de capital estrangeiro, seja direto ou especulativo, o dólar vai se valorizar.  Dólar valorizando vai influir diretamente na inflação.  Com o dólar valorizado há exigência de reajustes de tarifas administradas, sem o que as empresas como Petrobras e Eletrobras ficarão em situação mais difícil do que se encontra.  Isto pode virar uma espiral inflacionária.  Uma coisa leva a outra.  A hiperinflação poderá bater as portas.  Deixar entrar ou não é decisão da Dilma.

Poderá o Brasil amanhã ser a Argentina hoje? 

Ossami Sakamori
sakamori10@gmail.com



2 comentários:

Cassiano Freitas disse...

Os argumentos apresentados no seu artigo são por demais coerentes. O Brasil é um país ainda com fragilidades enormes na economia. E até a metade da década de 1990, convivíamos com um problema crônico de inflação. O Governo vivia editando sucessivamente pacotes econômicos e, mesmo assim, não conseguia debelar o processo inflacionário. E hoje quem mantém ainda um relativo equilíbrio na balança comercial é o agronegócio. E o Governo parece que não enxerga esse problema, tanto que não tem investido no setor como deveria. E como um simples exemplo, citamos num artigo nosso o problema da paralisação da Transnordestina, uma ferrovia vital para a economia da Região Nordeste, notadamente para as fronteiras agrícolas que estão sendo abertas no leste do Piauí. E o mais incompreensível é que, mesmo não tendo dinheiro para concluir obras como a Transnordestina e a transposição das águas do Rio São Francisco, encontra recursos para gastar com obras para uma Copa do Mundo. Aliás, não entendo como se possa priorizar obras de estádios em detrimento de setores como Saúde, Educação e Segurança Pública. Só mesmo aqui no Brasil.

José Carlos Bortoloti disse...

Amado Sensei!

Há cerca de dois meses, mais ou menos, um amigo foi ao Chile para acompanhar as eleições.
Quando voltou e me relatou , comentei na Radio do Beto Mous:
O Chile por ser mais adiantado culturalmente, é o inicio, a Argentina, tambem mais adiantada culturalmente que nós será a próxima e nos por sermos muito mais atrazados ainda seremos a terceira bola da vez.

O que esta acontecendo na Argentina que foi tema de um programa inteiro com detalhes, aguarde, começará aqui com a Copa do Mundo.

Nao temos mais economia nem gerenciamento governamental.
estamos entregues nas maos de sugadores do bem público

Marcos Tulio Ceaser disse em 45 aC:
Temos que aprender novamente a trabalhar em vez de viver por conta pública. e nestes mais de 2000 anos nao aprendemos. Ao contrário estamos involuindo.

Aguarde nobre mestre e sensei amado, dias piores nos aguardam.

Abraços por sua coragem de sempre.

Estamos juntos nesta

Com admiração

José Carlos Boroloti
Passo Fundo - RS